segunda-feira, 27 de outubro de 2014

DÍZIMO

O exemplo de Caim e Abel. (Gen 4.2-4)

A raiz da doutrina do dízimo é identificada ainda nos primórdios da criação. Após a queda do homem, começou um novo diálogo entre Deus e o homem. Caim e Abel, nossos primeiros irmãos, foram ensinados a que fossem leais ao criador e oferecessem, espontaneamente, ao Senhor alguma coisa do produto de seu trabalho, em gratidão pela sua bondade. (Gn 4.3,4).

O exemplo de Abraão. (Gn 14.18-24)

De fato a primeira menção específica do dízimo, no antigo testamento, ocorre quando Abraão trouxe a sua oferta ao senhor e a entregou ao "sacerdote do Deus altíssimo". Notemos que Abraão tornou-se agradecido a deus, por isso entregou seus dízimos ao sacerdote Melquisedeque.



O exemplo de Jacó (Gn 28.18-22)

Com a mesma característica de atitude de seu avô Abraão, o dízimo de Jacó era voluntário e expressava sua gratidão a Deus pelas bênçãos recebidas. Observasse que Jacó já havia recebido instruções acerca do dízimo através dos seus pais, Isaque e Rebeca. É um exemplo positivo para a família cristã, hoje, ensina os filhos a serem fiéis e agradecidos a Deus com seus dízimos e ofertas.



Lamentavelmente, como todas as doutrinas da Escritura, o dízimo também está sendo atacado, mesmo no seio da igreja, sendo tais ataques ajuntados a uma velada ou explícita resistência devido a eventuais erros que possam estar sendo cometidos em seu uso ou mesmo por injustificada suspeita do dizimo não está sendo bem administrado. Questionam-se os motivos dos que pedem o dizimo para a obra e muitas vezes alimentam-se sentimentos de que se está sendo enganado ou defraudado, como resultado perde-se a noção de uma sagrada reserva, e é prejudicado o avanço da obra de Deus.



Foi somente após a saída dos israelitas do Egito que o dízimo foi regulamentado para o sistema levítico. Ele era dado ao levita, devido a não ter “herança na terra”, isto é, ele vivia exclusivamente para o serviço religioso e isso lhe dava direito a todos os dízimos (Lv 27:30-34).



O dizimo, é anterior a Moisés e proclama o princípio de que Deus é o verdadeiro dono de tudo, e provedor de todo sustento.



A palavra dízimo não é usada de forma direta nas instruções à igreja sobre o assunto, no entanto é bom lembrar que a omissão não invalida a doutrina e nem o Novo Testamento se destinava a ser o instrumento único que vai estabelecer as doutrinas válidas da igreja. Uma doutrina não precisa ser repetida nos escritos neotestamentários para ser validada. Aliás, o Antigo Testamento eram as Escrituras usadas pelos apóstolos e na qual respaldavam seus ensinos. Encontramos, porém, no Novo Testamento, o ensino do dízimo abordado de outra forma, nos argumentos em favor de uma visão mais exaltada do ministério cristão e seu direito à justa remuneração. Como o dízimo existia, anterior a lei levítica, deve também perseverar após ela.



O dizimo sempre foi uma forma de reconhecimento da providencia e da soberania de Deus. Desde os primeiros homens na terra, desde os tempos de abel e caim havia uma consciencia da soberania e providencia de Deus. O dízimos é um reconhecimento da providencia de Deus independente de nossas forças e posses terrenas. O dizimo também é um ato profético, pôs fala de primícias, de dar o primeiro fruto de nosso trabalho (Êxodo 22:29,30/ 23:19/ 34:26/ Deut 26:2/ Prov 3:9). O dizimo sempre apontou pra Jesus Cristo, o primogênito de Deus que seria enviado ao mundo. Deus, antes dos tempos e dos séculos, preparou a sua prímicia, o seu primeiro e único filho para ser entrega em sacrifício pelo homem pecador.

O dizimo não foi instituido na lei, o dizimo sempre foi uma oferta voluntaria ao único e verdadeiro Deus, desde os primórdios dos tempos do homem. Independente da força física, sabedoria, e posse para adiquirir o sustento, o dízimo sempre foi um reconhecimento que Deus está provendo tudo. 

Embora o dizimo seja algo voluntario, assim como amar a Deus também é algo voluntario, é pecado não reconhecer a Deus como soberano e o Deus de providencia, assim como é pecado não amar a Deus. 

Na epístola aos Hebreus, capítulo sete, menciona-se a exclusividade dos levítas para recolher o dízimo dentro do sistema Mosáico. O autor de Hebreus aproveita a oportunidade para chamar a atenção de que em Abraão (antepassado dos levítas) Levi, havia dado os dízimos para um sacerdócio superior, instituído por Deus. Mequizedeque é representante do sacerdócio de Cristo, superior ao aarônico e levita. Aqui, mais uma vez, o dízimo é mencionado em sua anterioridade ao sistema levítico e é declarada a sua natureza sagrada e exclusiva para o ministério, servindo inclusive, para identificar a importância do ministério não levítico de Mequizedeque, pois que esse recebeu dízimos do próprio Abraão. Embora não seja o propósito direto da passagem em questão, somos levados a pensar, se, os dízimos dados a Mequizedeque, não apontam para o princípio da manutenção sacerdotal que passa por Moisés, chega ao NT e permanece até os dias atuais, lembrando que o atual ministério é uma extensão, na Terra, daquele que está sendo desenvolvido pelo Salvador no Santuário do Céu. Não é o ministério da igreja, por meio dos que “vivem do evangelho”, uma extensão do ministério salvador de Cristo (1 Pedro 2:5,9)?



O fariseu, estrito cumpridor da Lei, não esquecia seu dízimo, mesmo que fosse “do endro e do cominho” (Lc 18:12). Embora sua negligência da justiça, misericórdia e fé merecesse a reprovação de Jesus, o Salvador não deixou passar a oportunidade para reiterar o princípio da fidelidade nos dízimos: “fazei estas coisas sem omitir aquelas”. Ou seja, “não use o dízimo para negligenciar a misericórdia, não use a misericórdia para negligenciar o dízimo” (Lc 11:42; Mt 23:23). Uma advertência do próprio Salvador contra a religião unilateral, que se inclina para um só lado.



A defesa de Paulo para a remuneração dos ministros do evangelho, tem sua base argumentativa nos textos do AT que se referem às entradas que mantinham os sacerdotes (1Co 9:6-14). Segundo ele:

1) Havia apóstolos que não trabalhavam secularmente (v. 6).

2) Pagar ministros era uma prescrição da lei (v. 8 e 9), e esta o fazia pelo sistema de dízimos (Nm 18).

3) O verso 13, diga-se, é uma referência direta do dízimo. Pois baseia seu apelo para o pagamento de ministros da igreja no direito dos sacerdotes e levitas que tinham seu sustento garantido pelo dízimo, a principal de suas entradas. Afinal não eram os sacerdotes e levitas os únicos que se podiam achegar ao altar e prestar o serviço sagrado no Templo (Nm 18:20-26)?

4) Essa parte, devida aos sacerdotes, é um direito do qual já estavam fazendo uso (vv. 10 e 12).

5) O mesmo sistema deve ser usado para os ministros do evangelho (v. 14).

6) Um direito do qual Paulo abriu mão (1 Co 9:12, 15), entre os coríntios (2Co 11:7), mas por causa da contestação do seu apostolado (2Co 11:5, 6) e para não dar ocasião aos falsos apóstolos (2Co 11:8 a 13), no entanto usou desse direito aceitando salário de outras igrejas (2Co 11:8).

7) Esse é um direito tão natural, segundo o apóstolo, como de alguém que planta uma vinha (1Co 9:7; Dt 20:6) e dela cuida (Pv 27:18).

Além disso, pagar os pastores é justo, especialmente aos que servem na pregação e no ensino (1Tm 5:17-18). Deve ser feito de tal maneira que não desperte ganância (1Pe 5:2). Afinal, o objetivo é que o pastor, pago pela igreja, não se embarace com as coisas desta vida e assim, sirva bem à causa de Deus (2Tm 2:4).

Vê-se pois, que, mesmo antes de Moisés, o sistema de manutenção dos ministros de Deus era basicamente pelo dízimo; assim foi durante a teocracia em Israel para a manutenção dos levitas e sacerdotes do Templo de Jerusalém; a manutenção dos ministros do evangelho foi defendida por Paulo usando a linguagem e as idéias do sacerdócio levítico do AT; e, uma vez que a Bíblia não apresenta nenhum outro sistema, parece lógico concluir que esse é o plano que deve ser usado hoje em dia na igreja. Qualquer outro sistema assume a condição de uma criação meramente humana tentando substituir o plano de Deus.



Observemos Mateus 23.23 e Lucas 11.42 respectivamente transcritos a seguir:

“ Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé, deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas ” ( Mt 23.23 ).

“ Mas ai de vós, fariseus, que dizimais a hortelã, e a arruda, e toda hortaliça, e desprezais o juízo e o amor de Deus. Importava fazer estas coisas e não deixar as outras ” ( Lc 11.42 ).

Neste caso, podemos claramente entender que ao finalizar Seu comentário, Jesus diz que eles deveriam continuar dando o dízimo e, inclusive, não se omitirem de praticar o restante da Lei.

Porém, devemos fazer a seguinte pergunta: A quem Jesus estava dirigindo Suas Palavras e qual o teor Destas Palavras? Jesus se dirigia aos escribas e fariseus. Esses homens, vivendo o judaísmo regido pela Lei, confiavam na sua própria justiça e capacidade, no que tange à guarda da Lei. Apresentavam-se a Jesus nas condições de salvos, justificando-se a si mesmos pela prática da Lei mosaica, e desconheciam Jesus como Salvador, confiando nas suas próprias obras de justiça.

Em Lucas 16.15, Jesus disse-lhes: “ Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação ”. 





Foi essa a cobrança que Jesus fez aos fariseus, que não fossem somente dizimistas, e que não desprezassem o mais importante da Lei:

“ O juízo, a misericórdia e a fé ” ( Mt 23.23 )

“ O juízo e o amor de Deus ” ( Lc 11.42 ) 



ABRAÃO E JACÓ



Gênesis 14:17-20: "E o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que é o vale do rei. E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo."
Nesta passagem, somos ditos que Abraão deu um dízimo a Melquisedeque, presumivelmente como uma expressão de gratidão a Deus por capacitar-lhe e conceder-lhe resgatar seu sobrinho Ló, que tinha sido levado cativo.





Gênesis 28:20-22Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; E eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me será por Deus; E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.”



Jacó, nesta passagem, está fazendo um voto em resposta a uma visitação que recebeu de Deus, em um sonho. Neste sonho, Jacó viu uma escada alcançando o céu, com os anjos de Deus subindo e descendo por ela. No sonho, Deus estava de pé, acima da escada, e disse a Jacó "... Eu sou o SENHOR Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra, em que estás deitado, darei a ti e à tua descendência; E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra; E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado."  (v. 13-15). Em resposta, Jacó fez o voto que, se Deus guardasse Sua promessa, ele, por sua vez, daria a Deus um dízimo.



Estes   exemplos de dizimar  encontrados no Velho Testamento antes da Lei ser dada. Ambos são exemplos de algo voluntário. A pratica do dizimo era algo comum dos crentes desde o principio. 



 A prática do dízimo é anterior a lei mosaica – Gen 4:1-4 (Abel e Caim)/ 14:18-20 e 28:18-22. Cerca de duzentos e cinqüenta anos depois de Jacó em Betel, Deus orientou a Moisés instituir o dízimo na lei.
 Foi incorporada na lei mosaica - Lv 27.30.
 Foi ensinada pelos profetas - Ml 3.8-12



No Novo Testamento fica claro que o dízimo é o referencial mínimo para a contribuição. O dízimo era uma prática comum antes da Lei, durante a Lei e um modelo que pode ser observado por nós.



Jesus não determinou de forma direta a obrigatoriedade em dar-se “os dízimos” aos participantes da Nova Aliança, no entanto, este costume é citado algumas vezes no Novo Testamento. A igreja de Cristo precisa entender que os dízimos são uma forma de "oferta" agradável a Deus e necessário para suprir as necessidades da Obra, tanto na evangelização como na manutenção de templos.



Na  Lei Mosaica.
"A décima parte das colheitas, tanto dos cereais como das frutas, pertence a Deus, o SENHOR, e será dada a ele." Lv 27.30 e
"Certamente, darás os dízimos de todo o fruto das tuas sementes, que ano após ano se recolher do campo." Dt 14.22





Em nosso dias, observamos o modelo deixado no Antigo Testamento, para ofertarmos a Deus, suprindo assim as necessidades da igreja na obra de evangelização e manutenção de templos e despesas com o sacerdócio. Deve-se entregá-lo no local definido por Deus, geralmente, a Igreja na qual congregamos e ou Ministérios envolvidos com a Obra do Pai.

É lamentável a constatação que o “dinheiro do Senhor” é usado por alguns líderes para a sua satisfação pessoal, bem como, aplicado em “situações” que não beneficiam a Obra do Senhor. Estes prestarão contas a Deus por suas ações pecaminosas.



Em nossos dias o ato de dizimar e ou ofertar estão desgastados; é visto pela sociedade como um meio de explorar a fé dos mais simples. Esta visão deturpada nasceu em decorrência dos exageros praticados por pregadores que não observam os princípios de Deus em suas vidas, e literalmente roubam os servos ao fazerem promessas mirabolantes de riquezas e prosperidades advindas da entrega do dízimo.



Dar Voluntariamente
"...vossas dádivas, e de todos os vossos votos, e de todas as vossas ofertas voluntárias que dareis ao SENHOR." Lv 23.38

O dizimar era uma obrigação de cada israelita, mas, o desejo de ofertar deveria nascer no interior do coração, marcado por gratidão e alegria, uma ação voluntária, através da qual o Eterno era adorado. Assim devemos agir, não constrangidos por uma obrigação, mas, com prazer e alegria, pois é do Senhor e é para o Senhor.
O fato do dízimo não ser citado no novo testamento pelos apóstolos como mandamento, não significa a abolição do dízimo.



 O fato de Abraão reconhecer a propriedade divina sobre os seus bens levou-o a entregar o dizimo (Gn 14.22). Enquanto o crente não compreender essa verdade, terá dificuldade para ser fiel nas coisas de Deus.


Algumas correntes religiosas alegam que o dízimo é da lei. Para esses é importante lembrar que, ainda que fazia parte da mesma, contudo, não se tratava de imposto.  Onde encontramos no AT., qualquer relato do dizimo sendo cobrado por algum coletor de imposto?  Mesmo no período da lei, o dízimo tratava-se de um princípio e valor espiritual.



A finalidade do dízimo (Nm 18.20-32) Aqui se esclarece a finalidade e utilidade do dízimo – o sustento do sacerdócio. Primariamente essa é a finalidade do dízimo. A tribo de Levi não recebeu qualquer porção da terra, quando esta foi dividida. Deveriam ser sustentados pelas demais tribos, para que se dedicassem, inteiramente a ministração daquilo que é sagrado.

Outra finalidade importante no fato de dizimar, é a beneficência (Dt 14.22-29). Ele servia para o amparo dos necessitados: estrangeiros, órfão e viúva. Leiamos cuidadosamente a passagem que se encontra no capítulo 26 versículos 12-15.

Se no antigo testamento o dizimo era usado para beneficio do templo e dos ministros, e se tanto quanto no antigo testamento e novo testamento há ministros e templo, como se fará a manutenção da obra de Deus?



O silêncio do assunto no novo testamento não invalida o Dízimo.

O relativo silêncio sobre o tema do dízimo, pode ser entendido se considerarmos que o dízimo era algo que Jesus, Paulo e outros autores bíblicos consideravam sua prática um fato habitual e indiscutível. Tratava-se, portanto, de uma prática que não necessitava ser estabelecida.



Jesus não se opôs ao dízimo (Mt 5. 17,18; 23.23). Podemos classificar o dízimo como pertencente à lei moral, visto que partimos do princípio de que tudo que temos é de Deus. Ele é dono de todas as coisas. A lei cerimonial ficou circunscrita a Israel; referia-se a costumes, alimentação e etc. Hoje não temos nenhuma obrigação para com essa lei. 



PASSAGENS DIDÁCTICAS SOBRE A CONTRIBUIÇÃO NEOTESTAMENTÁRIA

I Coríntios 16:1,2, esta passagem não é necessariamente uma passagem de ensino da contribuição para o sustento da Igreja, do Culto, do Ministério; é antes, relativa à beneficência para os crentes pobres da Judeia, como aparece em outras escrituras. Contém, entretanto, elementos valiosíssimos para a teologia do dízimo, nomeadamente o princípio da proporcionalidade, que está na base do Dízimo, aqui não expresso mas subentendido, na frase “conforme a sua prosperidade”. Esta expressão não sustenta a prática de qualquer cristão contribuir com “qualquer coisa”.



AS CONCLUSÕES DA ASSEMBLEIA DE JERUSALÉM (Atos 15:22-30)

A Igreja vivia um período de transição, como se releva em Atos. Judaizantes que desceram de Jerusalém para Antioquia ensinavam que os gentios conversos deviam sujeitar-se à Circuncisão. Os Irmãos nascentes, com

Paulo e Barnabé, resolveram que estes dois e outros subissem à Igreja em Jerusalém. A Igreja decidiu por “pleno acordo”, recomendar-lhes, por epístola, que se abstivessem das coisas sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e das relações sexuais ilícitas.



O Dízimo como princípio da propriedade, providencia e soberania de Deus, permanente, nunca aparece revogado em qualquer Escritura.



McConoughy, erudito bíblico e histórico, diz que “Em todo o mundo pagão antigo se reconhecia à Divindade o direito à décima parte dos bens.” E no N.T. ele não é referido mais fortemente porque todos, Judeus e Gentios, o entregavam. Como prova disso está que nem Jesus nem os Apóstolos têm de repreender os Cristãos por faltarem na entrega dos Dízimos.



Referindo-se aos fariseus, Jesus disse aos discípulos: “Fazei, pois, e guardai tudo quanto eles vos disserem ...”, Mateus 23:1-3, o que incluía o Dízimo; Jesus não os censurou por darem os Dízimos: “Sem omitir aquelas” refere-se a dizimar a hortelã, o endro e o cominho; enquanto “devíeis, porém, fazer estas coisas”, refere-se “aos preceitos mais importantes da lei, a justiça, a misericórdia e a fé”, em Mateus 23:23; censurou, sim, por negligenciarem estes.



Tratando do sustento do Ministério da Palavra na I Coríntios 9:4-14, Paulo usa uma porção de metáforas, muito expressivas e refere-se aos sacerdotes e levitas no v.13, os quais, claramente, eram sustentados pelos dízimos, apelando, inclusivamente, antes, à autoridade da Lei no v.8. Fica demonstrado inequivocamente que o Dízimo foi ensinado e praticado no N.T., e que os Cristãos Primitivos iam muito além do Dízimo; “Nenhum deles dizia que coisa alguma era sua própria ...”, Atos 4:32-35.

Não quero de modo algum, interpretar o Dízimo como uma lei, do tipo do V.T., para ser cumprida no espírito legalista. O que encontramos no N.T., nas referências que citei, são o ensino e a prática do Dízimo tal como outros ensinos.



O dízimo de Abrão: (Gênesis 14:18/20), o mesmo assunto está registrado em (Hebreus 7:4/6), os antidizimistas afirmam que o dízimo não é da dispensação cristã e, sim da Lei. Aqui o dízimo aparece uns 400 anos antes da lei, e sem mandamentos divino, se o dízimo apareceu, na história do povo de Deus, tanto tempo antes da lei, certamente, não é criação sua, e muito menos, sua exclusividade.



(Mateus 23:23) duas coisas importantes quero destacar nesta passagem. a primeira é a declaração de Jesus,

afirmando que a fé, a misericórdia e o juízo, também pertencem a lei. Ele diz precisamente, isto “Vós dizimais a hortelã, o endro e o cominho e desprezais o mais importante da lei, o juízo a misericórdia e a fé”.



Agora considere segunda, o Senhor Jesus não era antidizimista! do seu parecer observa-se, com clareza, que Ele era favorável ao Dízimo, tanto na vigência da lei, como no regime do evangelho.



A palavra dízimo não é usada de forma direta nas instruções à igreja sobre o assunto, no entanto é bom lembrar que a omissão não invalida a doutrina e nem o Novo Testamento se destinava a ser o instrumento único que vai estabelecer as doutrinas válidas da igreja. Uma doutrina não precisa ser repetida nos escritos neotestamentários para ser validada. Aliás, o Antigo Testamento eram as Escrituras usadas pelos apóstolos e na qual respaldavam seus ensinos.



Na epístola aos Hebreus, capítulo sete, menciona-se a exclusividade dos levitas para recolher o dízimo dentro do sistema Mosáico. O autor de Hebreus aproveita a oportunidade para chamar a atenção de que em Abraão (antepassado dos levítas) Levi, havia dado os dízimos para um sacerdócio superior, instituído por Deus.

Mequizedeque é representante do sacerdócio de Cristo, superior ao aarônico e levita. Aqui, mais uma vez, o dízimo é mencionado em sua anterioridade ao sistema levítico e é declarada a sua natureza sagrada e exclusiva para o ministério, servindo inclusive, para identificar a importância do ministério não levítico de Mequizedeque, pois que esse recebeu dízimos do próprio Abraão.



A defesa de Paulo para a remuneração dos ministros do evangelho, tem sua base argumentativa nos textos do AT que se referem às entradas que mantinham os sacerdotes (1Co 9:6-14). Segundo ele:



1) Havia apóstolos que não trabalhavam secularmente (v. 6).



2) Pagar ministros era uma prescrição da lei (v. 8 e 9), e esta o fazia pelo sistema de dízimos (Nm 18).



3) O verso 13, diga-se, é uma referência direta do dízimo. Pois baseia seu apelo para o pagamento de ministros da igreja no direito dos sacerdotes e levitas que tinham seu sustento garantido pelo dízimo, a principal de suas entradas. Afinal não eram os sacerdotes e levitas os únicos que se podiam achegar ao altar e prestar o serviço sagrado no Templo (Nm 18:20-26)?



4) Essa parte, devida aos sacerdotes, é um direito do qual já estavam fazendo uso (vv. 10 e 12).



5) O mesmo sistema deve ser usado para os ministros do evangelho (v. 14).



6) Um direito do qual Paulo abriu mão (1 Co 9:12, 15), entre os coríntios (2Co 11:7), mas por causa da contestação do seu apostolado (2Co 11:5, 6) e para não dar ocasião aos falsos apóstolos (2Co 11:8 a 13), no entanto usou desse direito aceitando salário de outras igrejas (2Co 11:8).



7) Esse é um direito tão natural, segundo o apóstolo, como de alguém que planta uma vinha (1Co 9:7; Dt 20:6) e dela cuida (Pv 27:18). Além disso, pagar os pastores é justo, especialmente aos que servem na pregação e no ensino (1Tm 5:17-18). Deve ser feito de tal maneira que não desperte ganância (1Pe 5:2). Afinal, o objetivo é que o pastor, pago pela igreja, não se embarace com as coisas desta vida e assim, sirva bem à causa de Deus (2Tm 2:4).



Vê-se pois, que, mesmo antes de Moisés, o sistema de manutenção dos ministros de Deus era basicamente pelo dízimo; assim foi durante a teocracia em Israel para a manutenção dos levitas e sacerdotes do Templo de Jerusalém; a manutenção dos ministros do evangelho foi defendida por Paulo usando a linguagem e as idéias do sacerdócio levítico do AT; e, uma vez que a Bíblia não apresenta nenhum outro sistema, parece lógico concluir que esse é o plano que deve ser usado hoje em dia na igreja. Qualquer outro sistema assume a condição de uma criação meramente humana tentando substituir o plano de Deus.