sábado, 22 de abril de 2017

OS santal (povos primitivos que conheciam o Deus verdadeiro)

Os Santal

 Em 1867, um missionário norueguês, Lars Skrefsrud e seu colega dinamarquês, um leigo de nome Hans Borreson, descobriram um povo composto de dois milhões e meio de pessoas, vivendo numa região ao norte de Calcutá, na índia. Esse povo recebera o nome de Santal.

Skrefsrud logo mostrou-se um exímio lingüista. Ele aprendeu tão depressa o santal que pessoas de regiões distantes afluíam para ouvir um estrangeiro falar tão bem a sua língua! Com a maior rapidez possível, Skrefsrud começou a proclamar o evangelho aos santal. Ele naturalmente ficou imaginando quantos  anos seriam necessários antes que o povo santal viesse a abrir o seu coração para a mensagem ou sequer mostrar interesse por ela, desde que estava tão afastado de qualquer influência judaica ou cristã. Para grande espanto de Skrefsrud, os santal ficaram quase imediatamente entusiasmados com a mensagem do evangelho.

Finalmente, ele ouviu os sábios de Santal, inclusive um, chamado Kolean, exclamarem: “ O que este estrangeiro está dizendo deve significar que Thakur Jiu não se esqueceu de nós depois de tanto tempo!” . Skrefsrud, atônito, prendeu a respiração. Thakur era uma palavra santal, que significava “ verdadeiro” . Jiu traduzia “ deus” . O Deus Verdadeiro? Skrefsrud não estava, então, introduzindo um novo conceito ao falar de um Deus supremo. Os sábios de Santal delicadamente puseram de lado a terminologia que ele estivera usando para Deus e insistiram em que Thakur Jiu era o nome certo para ser usado.

 Aquele nome estivera, evidentemente, nos lábios dos santal desde há muito lempo! “ Como vocês sabem a respeito de Thakur Jiu?” perguntou Skrefsrud (talvez um tanto decepcionado). “ Nossos ancestrais o conheciam no passado", responderam os santal sorrindo. “ Muito bem” , continuou Skrefsrud, “ tenho outra pergunta. Desde que sabem sobre Thakur Jiu, por que não o adoram em lugar do sol, ou pior ainda, dos demônios?” A expressão dos santal mudou. “ Essas” , responderam eles, "são as más notícias".

Então, o sábio santal, chamado Kolean, adiantou-se e disse: “ Vou lhe contar a história desde o principio” . Não só Skrefsrud, mas todo o grupo mais jovem dos santal silonciou, enquanto Kolean, um ancião respeitado, desenrolou uma história que levantou a poeira depositada sobre séculos de tradição oral dos santal:

Há muito, muito tempo atrás, segundo Kolean, Thakur Jiu - o Deus Verdadeiro - criou o primeiro homem - Haram - e a primeira mulher - Ayo - e colocou-os bem longe, na região oeste da índia chamada Hihiri Pipiri. Ali, um ser chamado Lita tentou fazer cerveja iln arroz e, depois, induziu-os a jogar parte da cerveja no solo como uma oferta a Satanás. Haram e Ayo se embriagaram com a cerveja e ilormiram. Ao acordar souberam que estavam nus e tiveram vergonha. Skrefsrud maravilhou-se com o paralelo bíblico na história de i' ol®an. Porém, havia mais... Mais tarde, Ayo teve sete filhos e sete filhas de Haram, os quais se casaram e formaram sete clãs. Os clãs migraram para uma região chamada Kroj Kaman, onde se tornaram corruptos. Thakur Jiu chamou a humanidade para “ voltar a Ele” . Quando o homem se recusou, Thakur Jiu escondeu um “ casal santo” numa caverna no monte Harata (note a semelhança com o nome bíblico Ararate), destruindo, a seguir, o restante da humanidade através de um dilúvio. Tempos depois, os descendentes do “ casal santo” se multiplicaram e migraram para uma planície de nome Sasan Beda (“ campo de mostarda” ). Thakur Jiu os dividiu ali em muitos povos diferentes. Um ramo da humanidade (que chamaremos proto-santal) migrou primeiro para a “ terra de Jarpi" e depois continuou avançando para leste “ de floresta em floresta” , até que altas montanhas bloquearam o seu caminho. Eles procuraram desesperadamente uma passagem através das montanhas, mas todas se mostraram intransponíveis, pelo menos para as mulheres e crianças. De maneira bem semelhante a Israel no Sinai, o povo desanimou em sua jornada. Naqueles dias, explicou Kolean, os proto-Santal, como descendentes do casal santo, ainda reconheciam Thakur Jiu como o Deus verdadeiro. Porém, ao enfrentar essa crise, eles perderam a fé no mesmo e deram o primeiro passo em direção ao espiritismo. “ Os espíritos dessas grandes montanhas bloquearam nosso caminho” , decidiram eles. “ Vamos nos ligar a eles por meio de um juramento, a fim de nos permitirem passar” . Eles entraram, então, em aliança com os "Maran Buru” (espíritos das grandes montanhas), dizendo: “ Ó, Maran Buru, se abrirem o caminho para nós, iremos praticar o apaziguamento dos espíritos quando alcançarmos o outro lado” . Skrefsrud tinha, sem dúvida, achado estranho que o nome santal para espíritos perversos significasse literalmente “ espíritos das grandes montanhas", especialmente por não existirem grandes montanhas na terra em que os santal habitavam na época. Ele agora compreendia a razão.

"Pouco depois” , continuou Kolean, “ eles descobriram uma passagem (a Passagem Khyber?) na direção do sol nascente.” Chamaram essa passagem de Bain, que significa “ porta do dia". Assim, os proto-santal atravessaram para as planícies denominadas, hoje, Paquistão e índia. Migrações subseqüentes os impeliram mais para o leste, até às regiões fronteiriças entre a índia e a atual Bangladesh, onde se tornaram o povo santal dos dias de hoje.

 Escravos de seu juramento e não por amor aos Maran Buru, os santal começaram a praticar o apaziguamento dos espíritos, feitiçaria e até adoração do sol. Kolean acrescentou: “ No início, não tínhamos  deuses.

Os ancestrais antigos só obedeciam a Thakur . Depois de descobrir outros deuses, fomos nos esquecendo cada vez mais de Thakur, até que restou apenas o seu nome. Atualmente alguns dizem” , Kolean continuou, “ que o deus-sol é Thakur. Assim sendo, quando há cerimônias religiosas... algumas pessoas olham para o sol...e falam com Thakur. Mas os nossos pais nos contaram que Thakur é distinto. Ele não pode ser visto com os olhos da carne, mas tudo vê. Ele criou todas as coisas. Colocou tudo em seu lugar e sustenta a todos, grandes e pequenos.”

 Como Skrefsrud respondeu? Alguns missonários, com certeza responderam em situações semelhantes, dizendo: “ Esqueçam-se desse ente que julgam ser Deus! Ele só pode ser o diabo! Vou lhes contar quem é o verdadeiro Deus” . Esse tipo de reação arrogante, com freqüência, destruiu o potencial de resposta de povos inteiros. Skrefsrud não pertencia a essa classe. Assim como Abraão aceitou El Elyon, o nome cananeu dado por Melquisedeque a Deus, e da mesma forma que Paulo e Barnabé, João e seus sucessores seguiram o caminho aberto pelos filósofos gregos, quando aceitaram os nomes gregos Logos e Theos como válidos para o Altíssimo, Lars decidiu também aprender uma lição de Kolean e seus ancestrais. Ele aceitou Thakur Jiu como o nome de Javé entre os santal. Skrefsrud não encontrou qualquer elemento de erro ligado ao nome Thakur Jiu, que pudesse desqualificá-lo. Ele não se achava na categoria de Zeus, digno de rejeição, mas de Theos/Logos, merecedor de aceitação. Além disso, raciocinou ele, se, como norueguês, podia chamar o Altíssimo de Gud - cujo nome surgira de um ambiente tão pagão quanto Theos em grego e Deus em fatim - os santaf tinham então, certamente, direito de chamá-lo Thakur Jiu! Skrefsrud aceitou o nome!

Durante algum tempo, ele achou estranho ouvir de seus próprios lábios a proclamação de Jesus Cristo como Filho de Thakur Jiui Mas isso só por algumas semanas. Depois, a estranheza se foi. Sem dúvida, deve ter sido igualmente estranho quando alguém afirmou que Jesus Cristo era o Filho de Theos, ou de God, ou de Gud, ou, finalmente, de Deus\ A aceitação do nome santal para Deus, por parte de Skrefsrud, fez qualquer diferença? Uma rosa, qualquer seja o nome pelo qual a chamem, não continua com o mesmo perfume? Num jardim, isso acontece, mas não na memória! A própria palavra “ rosa” tem o poder de evocar a reminiscência da cor e do perfume. Substituir o seu nome por cardo não mudará a rosa, mas eliminará a lembrança saudosa do ouvinte. Durante séculos incontáveis, os filhos dos santal cresceram ouvindo os pais exclamarem em seus jardins ou ao redor do fogo: “ Ó, se apenas nossos antepassados não tivessem cometido 6 3 - se grave erro conheceríamos Thakur Jiu ainda hoje! Mas do modo como as coisas estão, perdemos contato com ele.

Fomos, provavelmente, postos de lado como um povo indigno e ele não quer mais nada conosco, porque nossos antepassados voltaram-lhe as costas naquela hora difícil nas montanhas, há tanto tempo atrás!” . O uso do termo familiar Thakur Jiu, diante de qualquer audiência santal iria, portanto, evocar inúmeras lembranças, tornando os ouvintes, geralmente, mais contemplativos, curiosos e até mesmo prontos a corresponder. Foi exatamente este o efeito que a pregação de Skrefsrud e Borreson produziu!

De fato, antes que Skrefsrud e Borreson percebessem o que ocorria, eles se viram literalmente rodeados de milhares de indivíduos do povo santal pedindo que lhes ensinassem como reconciliar-se com Thakur Jiu através de Jesus Cristo! A possibilidade de ser eliminada a separação entre a sua raça e Thakur Jiu os empolgou ao máximo! À medida que o ensino dos interessados causou conversões e batismos, pastores sérios, em igrejas tradicionais da Europa, logo ficaram espantados com relatórios procedentes da índia, afirmando que Skrefsrud e Borreson estavam batizando diariamente os santal, numa média, durante um período, de cerca de 80 indivíduos irradiando alegria! “

Alguma coisa deve estar errada!” exclamaram certos teólogos europeus, julgando impossível que os “ pagãos que viveram nas trevas" durante tanto tempo pudessem conhecer o suficiente sobre Deus e o caminho da salvação para serem convertidos e batizados tão depressa, através do ministério de Skrefsrud e Borreson, e em tão grande número! Até mesmo a alegação de oito batismos por dia teria confundido a mente dos clérigos europeus, a maioria dos quais teria considerado a média de um batismo por semana como prova de que a bênção de Deus se derramara poderosamente sobre o seu ministério! Oitenta batismos por dia significavam, porém, que as jovens igrejas santal na “ índia Hindu” estavam crescendo 500 vezes mais depressa do que a maioria das igrejas na “ Europa Cristã” !
Os cristãos que protestaram durante longo tempo, afirmando que as missões para a Ásia seriam absolutamente inúteis, em vista dos asiáticos serem obstinados em seus pontos de vista e não poderem, de forma alguma, compreender o evangelho, ficaram atônitos. Skrefsrud e Borreson, toda vez que voltavam à Europa para fazer palestras nas igrejas, eram constantemente saudados como heróis da fé por milhares de cristãos comuns que, ouvindo falar da conversão dos santal, viajavam grandes distâncias para ouvir os dois homens.

O resultado foi um grande reavivamento da vida espiritual em muitas igrejas da Europa. Alternando com essas explosões gratificantes do aplauso público, comitês de clérigos carrancudos reuniram-se para interrogar Skrefsrud e Borreson respectivamente. Eles se sentiam obrigados a duvidar da profundidade da reação dos santal, pensando talvez que o sucesso surpreendente de Skrefsrud e Borreson entre os “ pagãos” viesse a ter um reflexo negativo sobre os seus próprios ministérios laboriosos na “ Europa iluminada” . Enquanto isso, na fronteira entre os santal e a índia, os cristãos santal continuaram a manifestar o caráter cristão e provaram seu fervor ao divulgarem corajosamente o evangelho entre o seu povo. Skrefsrud contou 15.000 batismos durante os seus anos na índia. No decorrer desse período, ele traduziu grande parte da Bíblia para a língua santal, compilou uma gramática e um dicionário santal, registrou inúmeras tradições desse povo para a posteridade e persuadiu o governo colonial a aprovar leis protegendo a minoria santal da exploração impiedosa de seus vizinhos hindus. Surpresos com o tamanho da colheita que haviam iniciado, Skrefsrud, Borreson e suas esposas enviaram um pedido de SOCORRO!

 Outros missonários apressaram-se a socorrê-los, a fim de ceifar a colheita santal que amadurecia velozmente; e depois de poucas décadas, mais 85.000 crentes foram batizados pela missão santal de Skrefsrud. A essa altura, grupos batistas e outros haviam corrido para colocar seus marcos de propriedade ao longo do filão santal, sendo responsáveis por várias dezenas de milhares de novos cristãos! A história dos santal é apenas uma entre centenas de casos em que povos inteiros do mundo não-cristão demonstraram maior entusiasmo em receber o evangelho do que nós, cristãos, mostramos em enviá-lo a eles.