terça-feira, 12 de abril de 2016

TIPOLOGIA

Os Simbolismos e tipologias
A maioria dos estudiosos concorda que no Antigo Testamento existem tipos que são posteriormente, no Novo Testamento, especificados e declarados. Os dois Testamentos se correlacionam por meio destas prefigurações e tipos. O Novo Testamento considera que alguns personagens, elementos e fatos do Antigo Testamento são prefigurações do que ainda estava por vir.
Nesta lição veremos o que são tipos.
Que elementos do Antigo Testamento devemos aceitar como sendo tipos prefigurados do Novo Testamento?
Que regras devemos seguir para interpretá-los?
1 Termos do Novo Testamento associados aos tipos
O termo “tipo” vem do grego typos, e aparece 15 vezes no Novo Testamento. E ganhou diversas traduções como se segue abaixo:
“…vir o sinal dos cravos nas mãos…” (Jo. 20:25)
“…figuras que vós fizestes para adorá-las…” (At. 7:43)
“…disse a Moisés que o fizesse segundo o modelo que tinha visto” (At. 7:44)
“E escreveu-lhe uma carta nestes termos:” (At. 23:25)
“…da transgressão de Adão o qual é figura daquele que havia de vir.” (Rm. 5:14)
“…obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues” (Rm 6:17)
“Ora, estas coisas nos foram feitas para exemplo…” (1 Co 10:6)
“…aqueles que andam conforme o exemplo que tendes em nós” (Fp. 3:17)
“De sorte que vos tornastes modelo para todos…” (1 Ts. 1:7)
“…mas para vos dar nós mesmos exemplo, para nos imitardes.” (2 Ts. 3:9)
“…mas sê um exemplo para os fiéis na palavra…” (1Tm. 4:12)
“Em tudo te dá por exemplo de boas obras…” (Tt. 2:7)
“os quais servem àquilo que é figura e sombra das coisas celestiais […] faze conforme o modelo que no monte se te mostrou” (Hb. 8:5)
“…mas servindo de exemplo ao rebanho. ” (1 Pe. 5:3)
Notemos que em todos estes casos a palavra typos foi usada com a idéia de correspondência ou semelhança. Um devia combinar com o outro.
Em cada um desses versículos um elemento corresponde ao outro.
A contrapartida do tipo , a parte correspondente, é chamada de antítipo, ou seja, correspondente ao tipo.
Vamos examinar 1 Pedro 3:21. Neste versículo aprendemos que o batismo é um antítipo do dilúvio, ou seja, o dilúvio serviu como tipo, modelo, prefiguração do batismo. Nos dois casos a palavra significa julgamento; o dilúvio significou a morte para os perversos, e o batismo nas águas significa a morte de Cristo e a identificação do crente com ela. Notemos que a idéia de semelhança está presente.
Examinemos agora Hebreus 9:24. Somos esclarecidos que o santuário, ou santo dos santos no tabernáculo, era um cópia do verdadeiro tabernáculo nos céus.
Em 1 Timóteo 1:16 vemos que a completa longaminidade de Cristo, na vida de Paulo, serviria de exemplo para os que viessem a crer nele. Paulo usou o mesmo termo em 2 Timóteo 1:13.
Temos dois significados associados:
1- Exemplo ou modelo a ser seguido:
“Porque eu vos dei exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.” (Jo. 13:15)
“…para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência.” (Hb. 4:11)
2- Sombra: Assim como uma sombra é a imagem produzida por um objeto, assim certos elementos do Antigo Testamento eram um esboço das coisas que haveriam de vir. Aparece três vezes no Novo Testamento com este sentido figurado.
“os quais servem àquilo que é figura e sombra das coisas celestiais…” (Hb. 8:5)
“Porque a lei, tendo a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas…” (Hb. 10:1)
“…que são sombras das coisas vindouras…” (Cl. 2:16-17)
Uma sombra é algo vago ou transitório, mas também representa certa semelhança.
Cada um desses significados contém a idéia de correspondência ou semelhança. Porém nem sempre um tipo oficial no Antigo Testamento prefigura algo no Novo Testamento. Muitas vezes o sentido é de padrão ou modelo a ser seguido.
2 Quando o tipo é tipo?
2.1 Semelhança
A primeira característica de um tipo é a sua semelhança ou correspondência com o antítipo. Mas não devemos pensar de que se trata de uma correspondência superficial. Deve ser algo natural, e não uma correspondência forçada. Vimos nos exemplos anteriores a existência de uma semelhança concreta. Porém, nem tudo que possui um elemento correspondente é um tipo, embora a relação de semelhança e correspondência deva estar obrigatoriamente presente em todos os tipos. Existem inúmeros elementos no Antigo Testamento que encontram correspondência no Novo, mas não são tipos necessariamente. Os fatores que apresentamos a seguir também são importantes para a caracterização de determinação de um tipo.
2.2 Realidade histórica
Os fatos, personagens ou elementos do Antigo Testamento que são tipos de coisas do Novo possuíram realismo histórico, ou seja, realmente existiram e os fatos foram reais e testemunhados, não foi uma coisa imaginária. Quando em nosso estudo da Bíblia nos deparamos com um tipo não devemos inventar ou procurar significados ocultos. Devemos nos concentrar nos fatos históricos, pois o tipo deve surgir naturalmente no texto, ao invés de ser algo que o intérprete acrescente no texto. O tabernáculo é um tipo (conforme Hb. 8:5), mas isso não significa que cada detalhe de sua construção represente, de alguma forma, uma verdade neotestamentária.
2.3 Prefiguração
Os tipos são uma forma de profecia, pois contém traços de predição e simbolismos. O tipo é uma sombra que indica outra realidade (Cl. 2:17). O tipo sempre aponta para frente. Então quer dizer que as personagens do Antigo Testamento sabiam que diversas coisas eram tipos? Quando os israelitas matavam os cordeiros, eles sabiam que isso simbolizava Cristo, a quem João Batista referiu-se como “Cordeiro de Deus” (Jo. 1:29) ? Será que Melquisedeque sabia que ele representava a Cristo (Sl. 110:4; Hb. 6:20)?
É muito improvável que tivessem consciência dos antítipos (representação futura do tipo) e provavelmente não tinham pleno conhecimento destas relaçoes entre tipos e antítipos. O fato de alguns fatos e personagens fossem tipos isso não quer dizer que as pessoas dessa época reconhecessem essa natureza representativa.
2.4 Elevação
Na tipologia, o antítipo é sempre mais importante do que o tipo correspondente. Cristo é superior a Melquisedeque, a obra redentora de Jesus é superior à pascoa celebrada pelos judeus. Muitos aspectos do Novo Testamento ilustram verdades do Novo, mas se não houver esta elevação não se trata de tipos.
2.5 Planejamento divino
Os tipos não são meras ilustrações para que os leitores da Bíblia prestem mais atenção aos fatos. Na verdade esta correspondência foi planejada por Deus. O tipo foi idealizado por Deus para apresentar uma similaridade com o antítipo, que por sua vez foi criado por Deus para ser o “cumprimento” do tipo. Podemos crer que houve um planejamento de Deus, pois se passaram muitos séculos até que o antítipo pudesse “cumprir” aquilo que o tipo representava.
Na questão da interpretação dos tipos muitos estudiosos assumem posições diversas, conforme abaixo:
1- Tipos são apenas os que se encontram expressos no Novo Testamento
2- Tipos estão explícitos, mas também podem estar implícitos, não declarados.
Devemos ter o cuidado de não cairmos no mesmo erro de alguns intérpretes, de enxergar tipos implícitos (se assim exitirem) na Bíblia, gerando mais alegorias e interpretações errôneas da Bíblia. Não devemos confundir as figuras de linguagem, vistas anteriormente, com os tipos, que estamos estudando.
Nos tópicos seguintes vamos estudar como descobrir quais personagens, fatos e elementos devem ser tratados como tipos. Vamos descobrir com que finalidade Deus criou os tipos.
3 Os tipos devem ser encarados como tipos no NT?
Dadas as cinco características acima temos ainda de definir se os tipos são tanto os implícitos como explicitos ou apenas os expressamente declarados no NT. Devemos ter em mente que apenas correspondências não satisfazem a condição para se constituir um tipo. Sempre levemos em consideração o aspecto profético e o planejamento divino.
Um exemplo. Muitos estudiosos acreditam que Salomão simbolizasse Cristo. Podemos realmente afirmar que Deus nos conta a história de Salomão para retratar a Cristo?
Podemos claro, perceber algumas analogias e semelhanças, mas onde estão o aspecto profético e o planejamento divino?
Então como podemos estabelecer um limite para que simples semelhanças ou mesmo ilustrações não passem a ser entendidas como tipo?
Podemos estabelecer que o NT especifique claramente quais personagens e elementos do AT são prefigurativos do NT. O texto do NT deve indicar de alguma forma que determinado elemento ou personagem seja um tipo válido, ou de outra forma, deve ser rotulado. Ao contrário, as ilustrações e analogias podem ser mais facilmente identificáveis pelos estudiosos.
Um tipo pode ser definido como uma personagem ou acontecimento do AT que Deus planejou (projetou) para prefigurar ou preparar outro personagem ou acontecimento no NT.
Agora, uma ilustração é um acontecimento ou personagem que retrata uma verdade espiritual, com naturalidade e espontaneidade, sem no entanto, ser declarado como tipo no NT.
Com base nisso podemos por exemplo dizer que a Arca de Noé não é um tipo da Igreja, mas pode ser facilmente ilustrada como tal. Podemos dizer que o profeta Elias ilustra um homem de oração, conforme Tiago nos diz em seu livro no capítulo 5 verso 17.
Devemos ter cuidado, pois uma simples analogia não deve ser entendida como um tipo.
Notemos que na Ilustração e Tipologia a realidade histórica é considerada, ao passo que na Alegorização este aspecto é descartado. A alegoria geralmente é apenas fruto da imaginação de seu intérprete.
4 Que tipos são válidos?
Precisamos fazer as seguintes perguntas para sabermos quais os tipos válidos nas escrituras:
1. Existe semelhança clara entre o tipo e o antítipo? O tipo apresenta exatamente os mesmos fatos, princípios e relações que o elemento do NT correspondente?
2. O antítipo está de acordo com o contexto histórico do tipo?
3. O tipo é uma prefiguração ou prenunciação do antítipo? Ou não passa de um exemplo? O tipo aponta para o futuro?
4. O antítipo eleva ou “cumpre” o tipo, sendo ainda superior?
5. Conseguimos ver o propósito divino na relação tipo-antítipo?
6. O NT especifica de alguma forma o tipo e o antítipo?
5 Quais as etapas para a interpretação dos símbolos?
1. Descobrir o sentido literal do tipo.
2. Reparar no ponto de correspondência entre o tipo e o antítipo.
3. Repara